terça-feira, 25 de setembro de 2012

Mutirão , todo mundo merece passar por um

Mutirão é como casamento, não é perfeito, é cansativo, cheio de desafios, mas a gente reluta em largar, porque é , à sua peculiar maneira, muito bom.
É isso aí.
O Mutirão, só para situá-los, é uma ação protagonizada pelos dentistas que trabalham em escolas na cidade de Ribeirão Preto.
Este foi o terceiro ano( isto foi escrito no ano passado, estamos em pleno mutirão 2012) do evento que visita todas as pré-escolas do município e faz, num só dia, educação em saúde, através do projeto Robodent do prof Pedro Bigneli, escovação supervisionada, aplicação tópica de flúor, nas crianças da faixa etária pertinente, e TRA ( tratamento restaurador atraumático) com ionômero de vidro, quando indicado.
O primeiro ano foi um estranhamento só. Quase nada estava pronto e o trabalho foi sendo construído e aprimorado no dia a dia.
Para alguns, o trauma foi tão grande que não quiseram participar de outra edição,para outros, com espírito aventureiro e desbravador, foi uma outra chance para ver se funcionava melhor.
O segundo ano do evento foi organizado sobre o aprendizado do primeiro e neste terceiro ano, a máquina estava azeitada e mais ajustada fazendo com que tudo saísse melhor.
O trabalho é realizado em conjunto com a secretaria da educação do município que tem valorizado o projeto.
No mutirão a rotina é pesada. Visitamos a periferia, lugares ermos. Alguns vão em suas conduções próprias outros vão com o transporte coletivo ( van) cedido pela secretaria de edução.
Ir de vã, além de economizar no combustível, evita que nos percamos no caminho e diminui a possibilidade de atraso na chegada.
Em compensação, é necessário que haja pontualidade dos colegas e disponibilidade para esperar que todos terminem o trabalho para voltar com o transporte coletivo.
Mas...ir de van é a oportunidade de colocar o papo em dia, trocar receitas, falar de cosméticos e liquidações, numa rara conversa de meninas, viagens, filhos e até questões filosóficas.
Pode ser o longe que for, nem se percebe o caminho.
Quando chegamos à escola, é preciso adequar o espaço que é improvisado em tudo, fazer o reconhecimento das salas, organizar o fluxo, negociar horários com professores e diretores, para não interferir com a merenda, invadir espaços para fazer as escovações e os TRA. Tudo na hora, ao mesmo tempo agora. O bom deste terceiro ano é que havia coordenadores e especialização de tarefas de maneira que todo mundo sabia o que ia fazer, e já chegava fazendo.
Problemas são inevitáveis, tem uma classe no parquinho, falta água,às vezes as crianças tem que esperar, outras nós é que esperamos, as mesas para tratamento são baixas, nossas pernas não cabem embaixo, nossa coluna se dobra, nem sempre há ar condicionado, sob nossos aventais, derretemos, nossa vista perde algum alcance sob a fraca luz das lanternas, mas nossa paciência raramente se gasta frente aos ocasionais choros manhosos.
Somos um verdadeiro exército de branco.
Depois da batalha, quando se calcula o saldo em números, usufruímos da mesa de café que cada escola oferece.
Aí tiramos nossa farda e abrimos o sorriso da missão cumprida.
Pegamos a van de volta.
Dia seguinte tem tudo outra vez, todos os dias, por 2 meses.
Convenhamos, é muito mais fácil ficar no consultório com ar condicionado, cadeira, refletor, alta, baixa, água, ar, auxiliar.
Tem alguns colegas que não acreditam que estamos realmente trabalhando.
E eu digo que trabalhamos, e muito, e colhemos resultados.
Vemos, na boca das crianças, trabalhos dos outros anos, vemos nos números a diminuição das ocorrências.
Educar para a saúde é também função do dentista, e é o que fazemos no mutirão e que pode ser feito no consultório com cada paciente se ele for submetido a um exame participativo, onde ele possa acompanhar, num espelho parte do procedimento, ou quando uma orientação por escrito é mandada para a família, em se tratando de crianças, ou quando se faz a orientação de escovação.
Fazer um TRA ou um curativo pode não ser o ideal, mas é melhor do que não fazer nada, e isto não demanda equipamento.
Enfim, sempre é possível fazer algo, e este é um ensinamento que se leva para a vivência clínica onde muitas vezes, por um problema técnico no equipamento nos sentimos incapazes para qualquer atendimento.
Quem passa pelo mutirão é treinado na adversidade.
Por isso eu o desejo a todos.

PS: atualizando, o mutirão , neste seu quarto ano, está afinadíssimo, e o trabalho continua sendo importante.
Neste ano tivemos a participação de agentes de saúde, que ajudam e acabam aprendendo e conhecendo melhor os pacientes de usa área de atuação. Alguns dentistas dos postos de saúde também estão passando pelo mutirão e tendo esta vivência prática junto à população de sua área de abrangência, tomando ciência do que acontece atrás dos muros da escola, onde está a população de mais alto risco para o desenvolvimento da cárie dentária.
Tem sido bom e, que pena, já está acabando.

Creme dental fluoretado em pré- escolares

Boletim da  Sociedade Brasileira de Pediatria.


24 de setembro de 2012- n° 665

Flúor na dose certa.
Professores produzem animação para crianças

21/09/12 – Qual a pasta de dente certa? Em que quantidade deve ser usada? Quem responde são personagens de animação preparada por pesquisadores. É o projeto Crescer Sorrindo UERJ, fruto de pesquisa dos professores Branca Heloisa de Oliveira, Ana Paula Santos e Paulo Nadanovsky que, com linguagem apropriada, quer divulgar recomendações aos pequenos e suas famílias. O trabalho contou com apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e a colaboração de Juliana Ferreira de Almeida. A animação ficou por conta de Leo Ribeiro. A iniciativa tem apoio da SBP. Clique aqui, assista e divulgue.
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Está na hora de acreditar mais em si. É o dentista que sabe sobre o uso flúor e não a industria farmacêutica.
Façamos o correto,  não o cômodo.

Eliane Ratier